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sábado, 30 de julho de 2011

Pesquisa IBOPE sobre União Homoafetiva



A pesquisa IBOPE foi realizada entre os dias 14 e 18 de julho, ouvindo 2002 entrevistados maiores de 16 anos em 142 municípios.
Sobre a decisão do STF, 63% dos homens e 48% das mulheres são contra. Entre os jovens de 16 a 24 anos, 60% são favoráveis, enquanto 73% dos maiores de 50 anos são contrários.

Considerando a escolaridade, 68% das pessoas com a quarta série do fundamental são contra a decisão, enquanto apenas 40% da população com nível superior compartilha a opinião.
Intolerância;
Apesar da maioria contrária à união homoafetiva, a pesquisa revela que o brasileiro, de modo geral, é tolerante com homossexuais em seu cotidiano.

Perguntados se se afastariam de um amigo caso ele revelasse ser homossexual, 73% disseram que não. A maioria também aprova totalmente que gays trabalhem no serviço público como policiais (59%), professores (61%) ou médicos (67%).

Repercussão;
Muitas notícias em redes sociais da internet consideram que a pesquisa é negativa para a causa dos homossexuais, e para as lutas por direitos iguais aos dos heterossexuais.

Na verdade não é tão ruim, acredito que a pesquisa registra alguns avanços, há alguns anos seria impensável que quase metade da população brasileira (45%) fosse favorável a que homossexuais pudessem se unir legalmente num cartório.

Outro dado importante, confina 68% dos contrários a união homoafetiva entre aqueles que estudaram só até a 4ª série do ensino fundamental, enquanto que apenas 40% dos que têm nível superior são contrários ao direito, ou seja, quanto menor a instrução, maior a homofobia, isso prova que a intolerância não passa de ignorância.

Avanços necessários;
Diante dos dados, concluímos que a sociedade e nosso ordenamento jurídico, não pode mais manter-se fechado ou alienado a um fato social que cresce e que jamais deixará de existir, a união entre pessoas do mesmo sexo, e com ela o aumento da escalada da violência contra esse grupo de brasileiros faz-se refletir num questionamento quanto aos níveis de “civilidade” alcançados pela humanidade.

Devemos lembrar que a liberdade do indivíduo está amparada em nosso Estado Democrático de Direito, e expressa de acordo com o artigo 5º da Constituição Federativa do Brasil.

Artigo 5º “Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo – se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do Direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade nos termos seguintes (...).”

É verdade que não existe em nosso ordenamento jurídico qualquer alusão à proteção do indivíduo baseado em sua orientação sexual, o que talvez seja desnecessário, já que oferece o pressuposto que ninguém pode sofrer discriminação de qualquer natureza.

Papel do Estado;
Permanece ainda um erro conceitual comum a parte da sociedade que deseja ver o Estado exercer a função de promotor da moralidade partindo de opiniões populares do senso comum, quando na verdade este Estado existe fundamentalmente para zelar pelos direitos de seus cidadãos, sejam eles heterossexuais ou homossexuais.

Acredito que devemos ainda observar os Tratados Internacionais, ratificados pelo Brasil, ao valor da dignidade humana, que é acolhida como paradigma referencial ético, e parece óbvio que é nesse nível que a relação homoafetiva deve ser analisada para qualquer efeito e finalidade, registrando que direitos humanos “não nascem todos de uma só vez e nem todos de uma vez por todas”.

Após a pesquisa podemos perceber que a sociedade se mostra em condições de aceitar novas perspectivas com relação aos direitos humanos, lembrando que tudo que é inovador é visto com certo temor, assim sendo a legalização das uniões homoafetivas que agregam direitos como, o recebimento de heranças, pensões, plano e saúde em comum e aquisição de bens conjuntos, deve ser apoiada e defendida por todos que prezam a justiça e zelam pelo respeito ao próximo.

Leia a íntegra do levantamento aqui: