Páginas

domingo, 4 de setembro de 2011

Ministério da Saúde do PT decide condenar pacientes com leucemia a morte!

Portaria limita em 15% a taxa de doentes que terão direito a drogas potentes contra um tipo da doença


Todas as instituições ouvidas pelo Jornal da Tarde afirmam que o índice de pacientes que necessitam dos medicamentos de segunda linha passa de 15% no Estado de São Paulo, que tem uma das prevalências mais altas de leucemias no País. Presidente da Associação Brasileira de Hematologia e Hemoterapia (ABHH), o médico Cármino Antônio de Souza estima que essa taxa fique entre 25% e 35% nos pacientes do País. “Vamos ter de chegar para esses pacientes e dizer que o governo decidiu que eles não podem mais receber o remédio”, critica.
Para Souza, a Portaria n.º 90/2011, que passou a ser aplicada em julho, representa uma “camisa de força” para o tratamento da LMC. No caso do Hemocentro da Unicamp, que atende a 40 pacientes com o medicamento de segunda linha, de um total de 176 pacientes com LMC, a estratégia tem sido realocar recursos para pagar os tratamentos “excedentes”. Hematologista da instituição campineira, José Francisco Marques Júnior diz que a situação trouxe uma crise financeira da ordem de R$ 150 mil por mês para a instituição.
Segundo Marques Júnior, além de não repassar o recurso, o Ministério enviou o documento com o nome dos 14 pacientes que tiveram o pedido para o medicamento de segunda linha negado. “É como uma roleta russa, porque essa escolha não teve critério clínico nenhum. Passaram uma régua e quem ficou acima da linha dos 15% foi glosado ([/IP8,0,0]cortado pela portaria). Ou seguimos essa lista ou escolhemos outros 14 pacientes para parar de tratar e condená-los à morte”, completa.
Outros hospitais procurados pela reportagem também afirmam que a porcentagem de pacientes que precisam do medicamento de segunda linha é maior que 15%. No caso do Hospital de Câncer de Barretos, esse índice é de 20%, segundo o hematologista Nelson Siqueira de Castro. “Essa alternativa resulta em uma morbidade bem menor do que o transplante. A doença incide mais a partir dos 60 anos, quando os pacientes costumam ter outras doenças e tendem a ter complicações com tratamentos mais agressivos”, diz.
Também na Santa Casa de São Paulo a indicação para medicamentos de segunda linha contra LMC é superior à taxa indicada pelo Ministério da Saúde. O médico Carlos Sérgio Chiattone, diretor do Hemocentro da instituição, é crítico em relação à portaria. “O governo tem colocado em suas portarias porcentuais de pacientes que podem tomar tal ou tal medicação. A nosso ver, isso é um grande equívoco, a medicina não é matemática.”
O relações públicas Caio Del Roveri Ferreira, de 25 anos, está entre os pacientes da capital que tiveram o pedido de tratamento de segunda linha negado pelo governo. Ele foi diagnosticado com LMC há quase um ano. Nos primeiros seis meses de tratamento seu organismo respondeu muito bem ao remédio de primeira linha, mas a melhora estacionou e exames identificaram uma mutação rara na doença, que só responderia aos remédios de segunda linha. Um mês depois de encaminhar os documentos para o pedido do novo medicamento, recebeu a negativa. A mãe do rapaz, Deise Del Roveri, conta que a situação é desgastante para toda a família. “Ele colocou todas as esperanças nesse tratamento e estava na expectativa desse telegrama.”