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quinta-feira, 22 de março de 2012

O concreto de Haddad


Trechos da Coluna Nas Entrelinhas de Denise Rothenburg  Correio Braziliense
http://www.correiobraziliense.com.br/

Em seus encontros mais reservados, o PT convive com uma dura realidade.

Nenhum partido da base se mostra animado em seguir ao lado do pré-candidato petista, citado nos bastidores como o "concretado" nos 3% das intenções de voto.  Haddad saiu do ministério em janeiro como a grande esperança de dar ao PT uma roupagem menos sindicalista, caso de alguns ilustres concorrentes das prévias enterradas por Lula...  

Há quem diga, dentro do PT, que, desde então, o ex-ministro andou muito, mas não saiu do lugar...

... não dá para esquecer que os políticos são os primeiros a perceber quando algo vai mal. Aqueles acostumados ao poder, então, nem se fala. Sentem de longe o cheiro de queimado e logo abandonam o barco.

Ou, se estão fora, não se esforçam de verdade para ingressar nele, a não ser que levem algo em troca. Por falar em esforço...

É exatamente nesse ponto que se encontra a pré-candidatura de Haddad. No mercado da política, apoiá-lo hoje custa mais caro do que comprar um apartamento de luxo em Brasília ou no Rio de Janeiro, onde os preços estão astronômicos. Afinal, a turma ainda não sente firmeza na construção.

De concreto, ele tem 3% nas pesquisas em geral e precisa desesperadamente de um generoso tempo de tevê para chamar de seu.  

E, como a pré-campanha ainda não saiu do chão, tem gente pensando numa jogada ainda mais ousada para o PT paulistano: levar Haddad para a vice de Gabriel Chalita, do PMDB.

Assim, alguns petistas e peemedebistas trabalham a vingança perfeita: se unir ao antigo aliado de Serra e, assim, derrotá-lo. Pode ser sonho de uma noite de outono em que faltam pontos na pesquisa, mas já tem gente pensando nisso.

O difícil é convencer o PT paulistano, tão repleto de estrelas, a aceitar essa composição impensável...

Afinal, em política, tudo o que não é natural termina por dar errado. Vide as alianças artificiais construídas no governo Dilma. A cada dia trazem mais problemas e menos soluções.