Construído em 1920, Casarão do Anastácio, em Pirituba, continua em estado precário e sem futuro definido
Por Ivo Patarra Jornal DSP
Casarão do Anastácio, com 1,5 mil metros quadrados de áreas construída
Faz 21 anos que o antropólogo Edson Domingues, de 43 anos, pediu a abertura de processo de tombamento para proteger o Casarão do Anastácio, construção em estilo hispânico erguida em 1920 em Pirituba, na Zona Norte da cidade.
Até hoje, o Conpresp (Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental), ligado à Secretaria Municipal de Cultura, não definiu o destino do imóvel.
Até hoje, o Conpresp (Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental), ligado à Secretaria Municipal de Cultura, não definiu o destino do imóvel.
“Faço um apelo pela finalização do processo de tombamento”, pediu Domingues, que pertence ao conselho do Movimento Cultural de Pirituba.
Degradado há muito tempo, o Casarão do Anastácio fica num terreno que pertence hoje à incorporadora norte-americana Tishman Speyer. A empresa pretende erguer na área edifícios residenciais e um shopping center, mas garante que vai restaurar o imóvel para lhe dar uso comunitário, ainda não definido.
“É uma boa notícia”, reagiu Domingues, que afirma que Pirituba ainda não dispõe de um bom espaço cultural.
Marquesa de santos
O Casarão do Anastácio foi erguido onde havia uma casa de taipa em pilão, que pertenceu à Marquesa de Santos. Ela, nascida Maria Domitila de Castro Canto e Melo, virou marquesa após se tornar mulher de Dom Pedro 1, a quem conheceu poucos dias antes da declaração da Independência do Brasil, em 1822.
Anos depois, ela foi mulher do coronel Anastácio de Freitas Trancozo, que se destacou na vida social e política de São Paulo no século 19. Herdou a propriedade do brigadeiro Tobias de Aguiar, com quem também manteve relacionamento. Ela morreu em 1867, aos 70 anos.

“A marquesa fumava, o que era raro para mulheres do seu nível social na época, principalmente porque o fazia em companhia das escravas da fazenda do Anastácio”, contou Domingues.
O Casarão do Anastácio, que tem 92 anos, já serviu de hospedaria e lugar de criação e treinamento de cavalos. Quase foi incorporado a um parque municipal.
Secretaria de Cultura garante que imóvel em Pirituba está protegido
A Secretaria Municipal de Cultura informou que faz um diagnóstico da situação do Casarão do Anastácio, que tem 1,5 mil metros quadrados de áreas construída, com a finalidade de aprovar uma proposta de restauro do imóvel. O trabalho é acompanhado pelo Departamento do Patrimônio Histórico, órgão da secretaria, mas ainda não tem prazo para ser concluída.
Parte da construção, nos fundos, está cercada por uma estrutura tubular. Em nota, a administração municipal explicou que a intervenção serve para propiciar segurança à circulação de pessoas na parte interna da construção. A secretaria também divulgou que, até a análise final sobre um eventual tombamento definitivo, o Casarão do Anastácio vai continuar protegido pelo Conpresp. A Tishman Speyer garante que vai preservá-lo.
O estilo hispânico ou missões foi difundido nos Estados Unidos no início do século 20. A tendência arquitetônica filiou-se aos chamados “revivalismos”, reapropriando elementos de arte e da arquitetura tradicionais das sociedades latino-americanas e também dos Estados Unidos.