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sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Senadores lançam frente suprapartidária contra a corrupção

 

Roberto DaMatta, antropólogo

"Um dos problemas de se acreditar no brasileiro é que aqui se governa com os amigos. Como você separa projetos que interessam à população de outros projetos que são muito mais de interesse de grupos, lobistas, pessoas incrustadas nos ministérios? Esse é o grande problema. O que o Senado está fazendo é muito bom. Representa um pouco da indignação diante do fato de que o Brasil melhora, mas não consegue mudar em relação às falcatruas. Entra governo de direita, sai governo de direta, entra governo de centro, sai governo de centro, entra Lula, sai Lula, entra Dilma e continua tudo a mesma coisa. E a coisa vai ficando cada vez pior. E os tribunais? As pessoas falaram que houve abuso no uso de algemas nos presos (na Operação Voucher, da Polícia Federal). Sim, e aí? Essas pessoas são criminosas ou não? Vão ser julgadas ou não?"

O Senador Álvaro dias voltou a pedir a instalação de uma comissão parlamentar de inquérito para investigar a corrupção.

- A grande possibilidade de realmente colaborar com ela. Assinando uma proposta de CPI que terá o objetivo de não apenas de investigar. Revelar as mazelas, diagnosticar o mal, mas de apresentar propostas de correção.

Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE), o único do partido que faz oposição ao governo, pediu que a presidente Dilma Rousseff não se deixe intimidar pelas chantagens de sua base fisiológica, e continue a faxina ética onde houver corrupção. E ressaltou que ela não pode ter um comportamento desigual com partidos como o seu, o PMDB, a despeito de perder o apoio da sociedade.
- A presidente tem que ter a consciência que a faxina tem de ser completa. Não pode deixar outros partidos, inclusive o meu, o PMDB, sem ser punido. Ela tem de punir. O combate não pode ser leviano - disse o senador, completando:
- A presidente Dilma está tentando se desvencilhar da herança maldita que herdou do ex-presidente Lula. A presidente tem que ter o apoio firme, tem que buscar isso junto à sociedade também, da sociedade organizada e não organizada. Mas ela só terá esse apoio se tiver um comportamento uniforme e buscar o apoio da oposição. Mesmo reduzida, a oposição é muito importante nesse momento em que ela enfrenta os fisiológicos - disse Jarbas Vasconcelos.

Cristovam Buarque (PDT-DF) aproveitou para fazer sugestões à presidente:
- Não sendo alinhamento, queremos sugerir algumas coisas que ela deve fazer. Não queremos que fique só na faxina. É hora da presidente chamar para conversar pessoas que não querem indicar nenhum cargo. Porque nos últimos governos, presidente só chama quem quer indicar cargos ou liberar emendas. Chame para conversar quem quer colocar o Brasil em primeiro lugar e quem quer que esse país não queira mais corrupto no governo - disse.