De Gilberto Dimenstein – Publicado no Jornal Folha de São Paulo
A declaração do ministro Fernando Haddad sobre a desocupação da reitoria da USP foi um desastre. Não teve absolutamente nada de educativa. Em vez de pregar o respeito à lei e ao Estado de Direito, sugeriu a aceitação à desordem.
Haddad disse que a polícia não poderia tratar a USP como se fosse a cracolândia, e a cracolândia como se fosse a USP.
O problema, entretanto, não é a maconha (os leitores aqui sabem que sou favorável à descriminalização).
O problema é que um prédio público foi invadido numa ação radical e minoritária. A Justiça determinou a reintegração de posse. E a polícia cumpriu.
Exatamente, aliás, como estão fazendo com os sem-teto que invadiram nesta semana prédios na cidade de São Paulo.
O que Haddad está dizendo, na prática, é que invadir um prédio público pode, em certas circunstâncias, ser aceito por todos e amparado pela Justiça.
Para tentar agradar o eleitor, Haddad tentou se mostrar contra a ação policial. O que poderia soar bem. Errou: aquele grupo não representa nem a comunidade da USP. Muito menos o eleitor.
O desastre, porém, é que se Haddad for eleito, será cobrado por desocupar prédios públicos invadidos.
Ou seja, ele começou mal sua campanha eleitoral.
Comentário do Blog: Além disso, fica claro, que na opinião do sinistro pré candidato petista o problema da cracolândia é apenas de polícia.